
Desde que começamos este blog, eu me lembro e me esqueço, seguidamente, de publicar aqui um poeminha muito simpático, que fala de vento, de semivento, de porta, de verdade. Fala de verdade, muita verdade. Fala aquilo que a gente já sabe, que está bem cansado de saber, mas que repete, repete, repete, pela simples incapacidade humana (ou quase humana) de fechar algumas portas.
Sem pretensão de ser terapia, nem de dar conselho para a vida de ninguém. É só um poema bonito que vive ventando aqui (mais do que gostaria, confesso) e que hoje bateu no ventilador. Então aí vai:
Lembrete – Flora Figueiredo
Não deixe portas entreabertas
Escancare-as
Ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas
Passam apenas semiventos,
Meias verdades
E muita insensatez.
E não é que fazendo a pesquisa do poema acima (o Google nos tornou preguiçosos para abrir os livros e digitar, não é mesmo?), mas não é que fazendo essa pesquisa, eu achei um poema ainda mais bonitinho, e que tem ainda mais relação com este blog? Olha ele aqui:
Expectativa – Flora Figueiredo
O Vento anda ficando mentiroso:
prometeu trazer você,
não trouxe;
de dizer o por quê, não disse;
esperou que eu me distraísse,
passou com pressa, rumo ao horizonte.
Já não tem importância
que cometa outra vez
um ato de inconstância.
Aprendi a esperar.
Se ventos são capazes de levar embora,
a qualquer hora,
também serão capazes
de fazer voltar.
Acho que a poetisa Flora Figueiredo andou balançando neste mesmo vento que nos fez criar esta página. Ventos são mesmo muito misteriosos, falam com a gente. Às vezes falam a verdade, às vezes mentem. Prefiro a verdade, então vou dar aos ventos uma segunda chance. Vou escancarar as portas. Volte.
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